quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Conversa de velho com criança

Uma rara relação

Análise: Contos de aprendiz relatam uma etapa da carreira de Drummond. Em se tradando dessa antologia a poesia pode se revelar em qualquer parte neste caso com contos delicados despretensiosos, mas fortes como no caso deste livro. Ao lado da contida mais intensa expressão de afeto e rejeição ao absurdo do mundo, passa um humor irônico, onde os homens mostram ou parecem ser o que não são. Definindo assim a 1ª fase do autor.
No conto “Conversa de velho com criança”, sabe-se que um homem observa o velho e a criança. A criança trazia um pacote de balas como se fosse algo precioso e o velho estava de pé no bonde segurando alguns pertences. No decorrer do percurso quando ele foi retirar a moeda, para pagar o bonde, essa lhe caiu das mãos indo parar na rua, ao pararem o bonde, para que o outro pudesse passar, eles aproveitaram para procurar a moeda, mas não a encontraram, por isso o velho não teve que pagar a passagem. A menina ofereceu bala ao velho com a intenção de poder comê-las também.
Nota-se que os dois se dão muito bem, ao fim da viagem o velho e a criança descem e o homem que estavam ao seu lado fica se perguntando se os dois são grandes amigos, apesar da diferença de idade, ou são apenas avô e neta muito amigos. Em relação aos personagens não são muito caracterizado sabe-se apenas que a criança chama-se Maria de Lourdes, e o velho Ferreira.
Tendo como tema a conversa ou a relação do velho com a menina, podemos perceber que convivem muito bem, o narrador personagem observa que há uma certa simplicidade na relação entre o velho e a criança, o carinho que ambos tem um com outro, e como o velho ajuda a criança, esses atos de sentimento são passados para o leitor de uma forma suave, detalhada de cada gesto, fazendo-o pensar se são avô e neta ou são apenas amigos. Essa relação nos dias de hoje é rara; os jovens de hoje não fazem caso nenhum dos mais velhos. Como em outros contos de Carlos Drummond de Andrade observamos sua característica Modernista, relatando a fase social e de memória do autor, pois remexe em lembranças da infância do poeta, passando muitas vezes a falsa impressão de um livro de memórias, parecem simples, por vezes quase ingênuas, contudo, permitem a
fantasia e estimulam o imaginário do leitor.

Érika Ramos e Isabela Souza

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